"Existe muito medo à volta do parto…Eu sei porquê. Porque todos nascemos e lembramo-nos. A memória está na estrutura das nossas células. Existe como uma película à volta de todo o nosso corpo. E às vezes essa memória vem ao de cima. Com respirações, massagens, reiki, etc. E toda esta geração, a partir dos anos 50, nasceu e foi separada da mãe. A nossa biologia foi violada e isso cria medos. Temos essa memória nas células.
E o que pode acontecer se o recém-nascido for separado da mãe? Essa separação causa um trauma que produz suscetibilidades cerebrais. São sementes de doenças crónicas como hipertensão, diabetes, doenças cardíacas, adição. Eu sei que isto é um conceito muito difícil de compreender para várias pessoas, mas está tudo estudado. Durante nascimento, o cérebro cria uma mensagem que se mantém para a vida. Se o bebé nasce e vai para o berço, as suas emoções vão dizer-lhe: “Eu não mereço; Eu não sou bom o suficiente; Não tenho valor”. Mas se o bebé for para o colo da mãe, o seu programa natural vai funcionar e os seus pensamentos serão: “Eu consigo; Sou maravilhoso; Sou totalmente aceite e amado”.
Não é assustador dizer a uma mãe que se o seu bebé for para o berçário vai ser uma pessoa má? Pode dizer-lhe que assim que recebe o seu bebé, fique com ele, nu, pele com pele. E deixe o bebé vincular-se. Nunca é tarde para mudar o padrão. Não é a mesma coisa, mas nunca é tarde. É por isso que eu faço terapia com os bebés que nascem por cesariana e com as suas mães. Recrio o parto sem que o bebé seja separado da mãe. Já vi bebés de oito meses encontrarem o peito sozinhos e revincularem-se. Já vi crianças mais velhas a fazerem isso. Nunca é tarde demais para reprogramar o cérebro. Mas é mais fácil criar uma criança da forma correta do que fazer terapia mais tarde.
Que conselho pode dar às mães que vão ter um bebé em breve? Se só puderem mudar uma coisa no parto, insistam para que o seu bebé não saia do seu colo pelo menos nas três primeiras horas a seguir ao nascimento. Se o bebé precisar de vacinas pode levá-las no seu colo, se for preciso tirar a temperatura também pode ser no colo, é possível ouvir o coração do bebé no colo da mãe. Se o bebé estiver no colo da mãe não vai chorar, porque é para isso que ele está programado. Este gesto vai mudar a humanidade para sempre. E não custa nada, não é preciso equipamento extra, nem formação especial.
Qual é o maior inimigo de um bom parto? A atitude. Da mulher e do profissional de saúde. O parto acontece entre as orelhas. Está tudo na cabeça. Se a mulher pede para atrasar o corte do cordão umbilical, se pede para ter o seu bebé no colo, para ter o marido ao lado, para ter uma doula, etc. o profissional de saúde não pode dizer “esta é a forma como sempre fizemos” ou “foi assim que me ensinaram e não vou mudar”. As salas de parto estão desenhadas a pensar apenas na conveniência dos profissionais de saúde. Estive recentemente num hospital na China, onde me pediram para ajudar a desenhar salas de parto e tirámos a cama dos quartos. Depois de terem o bebé, as mulheres vão para a enfermaria e lá têm camas. Durante o trabalho de parto, as mulheres podem estar de gatas, de joelhos, como quiserem. Os profissionais deste hospital constataram que o tempo do trabalho de parto foi reduzido para metade. De uma média de 12 horas passou para uma média de seis horas só por se ter tirado a cama do quarto. Tirem as camas das salas de parto!"
Ao ler algumas destas frases posso dizer-vos que só me apetece chorar. As minhas feridas de ter nascido de cesariana e de ter sido separada da minha mãe doiem muito.
Quando me dizem "O parto, para o bebé, é igual." - garanto-vos : NÃO, NÃO É.
Bárbara Harper, Entrevista para a Pais&Filhos, 5 de Janeiro de 2015
[http://maesdagua.org/2016/03/17/barbara-harper-tirem-as-camas-das-salas-de-parto/]
Sem comentários:
Enviar um comentário