Vinculação Intra-Uterina - a entrevista

Sobre Vinculação Intra-uterina, aqui fica a entrevista que dei para a querida Doula Yolanda Castillo, de "O Início de Uma Nova Vida"

"Catarina é doula e uma mulher inspiradora. 
Criadora de dois projectos pessoais, com objectivos muito diferentes mas com a mesma essência: O amor. Estes são o Blog UAU MAMÃ e a Vermelho Morango.

-O que é a vinculação intra-uterina da mulher com o bebé?
A vinculação é a ligação emocional e interacção da mãe com o seu bebé ainda antes de nascer.
E é assim a relação mais precoce e íntima que o embrião conhece e integra. É uma
relação afectiva que se vai desenvolvendo ao longo da gestação e ficando cada vez mais forte, preparando também a mulher e o bebé para o pós-parto.
É uma ligação pura de amor, em que não há condicionantes nem factores externos que possam interferir com essa ligação no sentido em que não há temperamento associado, por exemplo.

-Quando e como se inicia esta vinculação?
 Esta ligação começa assim a que a mãe tem consciência do seu bebé. Assim que sentir que está a gerar no seu útero um ser maravilhoso que a escolheu como mãe. Isto pode acontecer desde a concepção, desde que a mulher sabe que está grávida ou mais tarde, ao longo da gravidez, quando sente os primeiros pontapés, nas ecografias, quando por uns momentos, aquele bebé se torna real, por exemplo.
Eu diria até que o vínculo pode começar antes da concepção, quando esta concepção é desejada, planeada e consciente. Porque assim que a fecundação acontece, tudo o que se passa no útero da mulher, no seu corpo em geral, as suas emoções e padrões mentais influenciam o desenvolvimento do embrião.

Posso dar exemplos específicos de vinculação:
-Dar um nome ou alcunha carinhosa ao bebé, humaniza-lo, dar festinhas na barriga, falar com o bebé, cantar para ele, escolher conscientemente os alimentos, sabendo o que faz bem ou não ao bebé. Estes tipos de cuidado, em que a mãe sente que já não está sozinha, que existe um bebé ao seu cuidado, dentro de si.

-A vinculação é coisa só da mãe ou da mamã e do bebé?
A vinculação é bi-direccional, é uma relação que acontece para os dois lados, entre mãe e bebé. E não só. Acontece também entre pai e bebé. Tratando-se de uma ligação afectiva, acontece desde que esta relação e interacção emocional aconteça.

-Que papel tem o bebé nesta vinculação?
 O bebé escolheu aquela mulher específica para ser gerado. A alma do bebé escolheu a alma daquela mãe e daquele pai para, através deles, nascer. Assim como a alma da mãe aceitou receber a alma do seu bebé.
É uma relação bi-direccional. Quanto mais a mãe comunicar calor, amor e segurança ao seu bebé, mais ele produz endorfinas que apaziguam a mãe, tranquilizando-a, fazendo-a sentir-se bem e feliz.


-O útero é a casa do bebé durante umas 40-41 semanas em termos gerais. Que papel têm o útero nesta vinculação? Como influencia a energia do útero nesta vinculação?
A nível emocional e desenvolvimento do inconsciente o útero é a primeira grande escola do bebé. É onde toda a sua estrutura é formada e por isso, tudo quanto se passa no útero e no ambiente materno influencia muito o novo ser que se desenvolve. O bebé é muito receptivo e portanto absorve as emoções da mãe, aprendendo com elas, absorve os seus padrões mentais, integrando na sua mente subsconsciente. E o bebé sabe e sente também se é desejado, querido, amado, ou não. A vibração é muito poderosa e ela é produzida através dos nossos pensamentos, das nossas emoções, das nossas palavras. E o bebé sente tudo isso.

-O bebé aprende durante a sua vida intrauterina? Sente o que acontece na vida exterior?
Sim, aprende tanta tanta coisa que nós nem podemos imaginar J É através da vibração da mente da mãe, da sua circulação, dos seus impulsos e sentimentos que o cérebro do seu bebé se desenvolve. E o que vai ficar marcado no seu cérebro? Que o mundo é um lugar de amor? De guerra? Que é seguro viver? Que a depressão é uma constante? Que a vida é agitada? Que a vida é maravilhosa?
O que vai ser?

-Que podem fazer as mulheres para estimular a vinculação com o seu bebé? Desde quando podem começar a faze-lo?
Podem fazer desde logo! Eu, por exemplo, dou por mim às vezes a falar com a alma dos meus futuros filhos ahah.
Bom, mas a mãe desde que sabe que está grávida, desde que aceita a sua gravidez, já está a criar esse vínculo. Está a permitir que a ligação emocional se desenvolva e cresça. Por isso, quando há perda gestacional, não importa quanto tempo tem a gestação, a mãe e o pai sentem essa perda, a ligação estava criada. 
A mãe pode ter consciência da forma como se alimenta, da forma como descansa, quais são as suas prioridades de auto-cuidado. Pode fazer caminhadas na Natureza, exercitando o seu corpo e ligando-se à mãe Terra. Pode escolher um nome carinhoso para dar ao seu bebé e falar com ele. Pode fazer meditação e ligar-se ao bebé. Pode fazer yoga durante a gravidez, usufruindo dos seus benefícios e transmitindo ao seu bebé uma sensação de paz, harmonia, amor. Ui, há tantas tantas formas. 

-A vinculação intrauterina mãe-bebé está relacionada de alguma forma com viver uma relação consciente com o bebé?
Sim, sem dúvida! Tendo consciência do seu bebé e da gestação que está a acontecer dentro de si, a mulher tem muito mais facilidade em ligar-se emocionalmente a ele. Claro.


-O vínculo tem alguma conexão com o cordão que liga estes dois seres?
A ligação física do bebé com a mãe é feita sim através do cordão umbilical. Mas a vinculação vai muito par além da ligação física. Aliás, a vinculação começa na gestação e continua toda a vida. Mesmo depois do corte do cordão.

-Qual é o papel da comunicação verbal ou sonora na vinculação entre a mãe e o bebé? Como deve ser a linguagem que utilizam as mulheres.
Hoje em dia sabemos que a vibração tem um poder indescritível e transformador. Por isso a comunicação é tão importante. As palavras são poderosas e podemos usá-las a nosso favor, ou contra nós. O bebé, para além de ouvir dentro do útero, ele sente a vibração das palavras. E por isso, comunicação agressiva, falsa, “gratuita” não é indicada. Nesta altura da vida da mulher, ela deve ter atenção ao que diz e à forma como diz. Deve fazer por estar em ambientes elevados, harmoniosos, deve sentir-se respeitada e confiante. Para o bebé, a linguagem da mãe deve ser suave, amorosa, apaziguadora.
É diferente eu dizer “Maldito o dia em que engravidei! Não paro de engordar por tua causa!” Ou “Oh filhote, a mãe anda com tanta fome…Estou a engordar a olhos vistos, ahn? Depois ajudas-me na amamentação, boa? Volto à silhueta num instante ;)”

-Como pode a mulher cultivar no seu bebé o espírito de união familiar?
Partilhando o dia a dia com o bebé, conversando com ele, potenciando a conversa entre pai e bebé (ainda que para alguns homens possa ser “esquisito” falar com a barriga sem “ver” o bebé). Partilhar com o bebé onde vivem, o que está a acontecer na família, que o pai está contente porque qualquer coisa, que o primo faz anos e vão à festa dele…Partilhar, essencialmente.

-A meditação durante a gravidez ajuda de alguma forma a estimulação do vínculo mãe-bebé?
Sim, absolutamente. Durante a meditação a mulher mergulha dentro de si e fica mais disponível para escutar o seu corpo, o seu bebé, ligar-se à sua essência, à sua alma e à alma do seu bebé de forma consciente.

-Actualmente muitas das mulheres e famílias têm um ritmo de vida muito estressado e acelerado, como influencia este ritmo ao bebé e a sua vida intrauterina?
O bebé vai aprender que a vida é uma agitação! Sente também ele stress e não é só pela vibração da mãe. A nível hormonal isso está presente! Há mais cortisol em circulação no corpo da mãe e portanto o bebé vai sentir todas essas alterações. Provavelmente, depois de nascer será um bebé irritado, stressado, difícil de acalmar, porque ele não teve durante 40 semanas, experiências de tranquilidade.

-O bebé também tem o seu ritmo? Ou adapta-se o corpo da mãe?
O bebé vai criando o seu próprio ritmo, adaptando-se ao ritmo da mãe. Se a mãe tiver rotinas, for disciplinada com os seus cuidados, alimentar-se bem e a boas horas, dormir bem e de forma rotineira, o bebé acaba por encontrar o seu ritmo dentro do ritmo da mãe.

-A gravidez é uma etapa de compromisso com ela própria e com o seu bebé. Como pode a mãe comprometer-se melhor com a gravidez e o seu bebé? 
Sim! Durante a vida arranjamos sempre desculpas para não ir caminhar, para não comer bem, para não deixar o açúcar e o café, para não nos deitarmos a boas horas, etc etc. Durante a gravidez eu acho que a mulher tem uma grande grande oportunidade de olhar para dentro. De se cuidar. De pedir ajuda. De evitar ambientes tóxicos, não só fisicamente, com tabaco e afins, mas também energéticos. Nesta altura específica da mulher ela deve assumir este compromisso consigo própria antes de mais nada, e com o seu filho. Aceitar o desafio do trabalho em equipa. Proteger-se a si, e ao bebé. Escolher com quem está, como passa o seu tempo, de forma a elevar-se, a inspirar-se, a manter-se saudável e em harmonia.

-Catarina, sabemos que tu também realizas costura criativa. Tens alguma sugestão que dar as futuras mamãs para estimular o vínculo mediante a costura?
A costura pode ser muito meditativa. É um momento em que dás asas à tua criatividade, e que sem stress nem pressão, crias com as tuas mãos. A tua mente acalma, os teus pensamentos vão e vêm e tu és capaz de os observar e não ser escrava deles. Então eu acho que costurar algo para o filho que a mulher gera no seu ventre é um grande acto de amor. É um momento profundamente íntimo, em que a mãe cria algo para o seu bebé, oferecendo-lhe quando nascer. Eu acho muito bonito 

-As mamãs podem confecionar alguma coisa como oferta para o seu bebé a nascença ou como simbolismo do nascimento do seu bebé, a modo de estimular o vínculo com ele. Mas as vezes a criatividade pode estar bloqueada. Como podem as mulheres reconectarem-se com esta energia de criatividade para escolher o que fazer para o seu bebé?
As mulheres podem aproveitar esta altura para se confrontarem com as suas crenças limitantes. O que é ser criativa? É ter a capacidade de criar. As mulheres muitas vezes acham que não são criativas, que não têm “jeito” e isso é mentira. Isso não é mais do que vozinhas interiores da mente negativa a boicotar a sua expressão natural de mulher, que é criar.
Então o que eu sugiro é que deixem de lado a auto-exigência e os preconceitos e não se limitem. Desenhem o que vos apetecer, não é para ninguém ver, ninguém vos vai criticar ou julgar. Vocês estão sós. Vocês e os vossos bebés. Peguem num papel, numa caneta e desenham o que vos surgir. Procurem na internet peças que vos pareçam bonitas, úteis, que vos inspirem e depois transformem essa inspiração na vossa criação. Peçam ajuda à mãe, à avó. Procurem aprender algo que nunca tenham aprendido antes. Desafiem-se e abram mão do “bonito, correcto, bem feito”. Isso é tudo mentira.

-Qual é a importância da actividade física na vinculação intra-uterina entre a mamã e o bebé?
Enquanto a mulher está a mexer o seu corpo, ela está a massajar a pele do seu bebé. Enquanto caminha, ela embala-o e estimula a sua pele, que por sua vez estimula o desenvolvimento do seu cérebro e do sistema nervoso. Então, sabendo isto, muda tudo. A mulher não caminha só porque sim. Para além de caminhar para seu benefício e cuidado, ela estimula também o seu filho. E isto é vinculação. Esta ligação que se estabelece de cuidado, de amor.

-Que tipo de atividade poderá fazer a mulher? Que lhes podes aconselhar?
Pode fazer caminhadas, de preferência com o papá; aulas de yoga; meditação; cantar músicas que a inspirem; entoar mantras; desenhar; ler livros inspiradores; alimentar-se conscientemente; nutrir-se; receber massagens; dar festinhas na barriga; respirar profunda e conscientemente. Pode educar-se para parar alguns instantes por dia, para conversar com o seu bebé. É basicamente aceitar o desafio de mergulhar em si mesma, e alimentar de forma saudável este amor ."

Podem ver e ouvir-me aqui
http://www.ustream.tv/recorded/85689219
http://www.ustream.tv/recorded/85689219
http://www.ustream.tv/recorded/85689658

[http://centromedicinaholist.wix.com/oiniciodeumanovavida#!entrevistas/c1bi]

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