Memória pré-natal? Não é só depois dos 3 anos?


A vida intrauterina é algo que me fascina MUITO. Mais do que contemplar mulheres grávidas, eu imagino o bebé dentro do útero, o que estará a sentir e a ouvir ?! Acredito profundamente na memória pré-natal assim como na capacidade que os bebés têm de, para além de percepcionar o estado emocional da mãe, aprender esse mesmo estado. 

Ainda este fim de semana, acabada de acordar e olhando para o G. a cantar e a dançar mal se levanta, disse-lhe: "Já imaginaste o que é um bebé ser criado, crescer com esta emoção? Esta paz que eu sinto e esta felicidade e alegria ao ver-te assim."
E imaginar o contrário? E imaginar que um bebé passa 9 meses, a base de toda a sua vida, em ambiente emocional triste, zangado, tenso? Isto faz-vos algum sentido? Ou é só a mim que me toca particularmente? :)


E as mulheres que vivem depressão durante a gravidez? Estudos feitos com milhares de bebés mostram que o grau de depressão vivido pela mãe durante a gravidez é proporcional ao estado depressivo dos bebés quando nascem!

Estive a ler palavras do Dr. David B. Chamberlain e acho mesmo encantador ter esta perspectiva sobre a MEMÓRIA PRÉ-NATAL. 

Tradicionalmente diz-se que a memória tem início por volta dos 3 anos de idade uma vez que é a partir dessa altura que há mais relatos de memórias conscientes! E antes disso? As memórias podem não ser conscientes  mas existem! Há relatos de algumas crianças que de forma espontânea relatam memórias do seu nascimento, do seu parto (por vezes momentos guardados que nunca foram partilhados!) 
Há já vários estudos sobre a capacidade de aprendizagem e a memórias MESES antes do nascimento. Há por exemplo um caso de gémeos que foram vistos, com apenas 20 semanas de gestação, a brincar um com o outro através das membranas do saco amniótico. Nos seus primeiros anos de vida, a brincadeira preferida destas crianças era colocar-se atrás e à frente do cortinado e tentarem apanhar-se um ao outro através da cortina. :) Não é o máximo? 

Foram feitas já algumas experiências sonoras em que as mães colocavam o mesmo texto a passar de forma regular durante a gravidez ou reproduziam o mesmo ritmo e depois do nascimento os investigadores perceberam que os bebés preferiam o som já conhecido do que outro.

Aqui entra também muita da minha vontade de contribuir para partos humanizados, respeitando a mulher mas também, MUITO, o bebé. Como Dr. David Chamberlain diz "Traumatic events in neonatal intensive care are indelibly imprinted in memory and intrude on adult life, often in the form of fear". No seu artigo refere ainda o caso de um rapaz que nasceu prematuro e esteve na unidade de cuidados neonatais desde as 29 semanas de gestação e desenvolveu medo ao som e imagem da fita adesiva. 

Se estivermos um bocadinho atentos aos nossos pares, aos nossos amigos e conhecermos um bocadinho da sua gravidez e do seu parto, começamos a perceber esta relação directa! 
O útero é mesmo um local mágico, super activo e interactivo e como David Chamberlain diz " ... the womb is, in fact, a classroom."

E a pergunta que nos faço é: E o que queremos nós ensinar aos nossos filhos desde LOGO? :)

(adaptado de https://birthpsychology.com/free-article/prenatal-memory-and-learning#.VIbf7TGsV1a
imagem de http://www.channel4.com/programmes/miracles-in-the-womb)

2 comentários:

  1. Obrigada pelas informações e pela reflexão apresentada, é sempre muito bom estarmos conscientes da responsabilidade do desenvolvimento cognitivo do bebe, bem como do nosso próprio bem estar durante a gravidez.
    :) Grata pela partilha de conhecimentos

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  2. Muito muito obrigada! Grata eu pelas suas palavras que me dão alento para continuar esta partilha! *
    Catarina

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